Quadrinista Alice Pereira retrata vivências diversas sob o olhar trans

Quadrinista Alice Pereira retrata vivências diversas sob o olhar trans

Podcast TRANSformando as Artes entrevista artistas transgêner Em um livro de história em quadrinhos, Alice Pereira registrou os momentos da própria transição de gênero. Com ilustrações e texto, ela compartilha as maiores dificuldades e medos, bem como as alegrias de se tornar quem se é verdadeiramente. A ilustradora e quadrinista, que também trabalha na produção de animações, diz que se inspirou em quadrinhos autobiográficos como Persépolis e Maus para escrever e desenhar o livro Pequenas Felicidades Trans. E ao ser questionada sobre expor o diário de sua transição em um livro, Alice é certeira: a maior exposição de todas, para ela, foi sair na rua como mulher. " Quando a gente se assume e sai na rua, já é uma exposição tão grande que o resto, depois que a gente toma esse passo, né? De se assumir como pessoa trans e se mostrar e andar na rua, eu mostrar minha história através dos quadrinhos não era nada em comparação, sabe? Na verdade, quando eu comecei a publicar eu nem pensei nisso, nem foi uma coisa que me incomodou, né em nenhum momento é uma coisa que eu, sei lá, senti essa exposição toda..." Ela conta que começou a escrever porque estava cansada de ver histórias, filmes e peças de teatro que falavam sobre a vida de pessoas trans, mas escritas e encenadas por pessoas que não eram trans, o que para ela resultava em personagens estereotipados e até ofensivos. "Essas obras feitas por pessoas que não têm a vivência e também não têm uma sensibilidade. Assim, porque elas não têm a vivência, né, e elas constroem essas obras em cima de outras obras que elas veem, de outras pessoas que também não têm a vivência. Então, acaba que vira uma bola de neve de estereótipos e de coisas até ofensivas, né? Aí eu pensei em contar a minha história, mostrar a minha história do meu ponto de vista para as pessoas e também para responder muitas perguntas que as pessoas ficavam me fazendo, as mesmas perguntas, o mesmo tipo de pergunta. Aí eu comecei a explicar isso por meio dos quadrinhos, " Para tornar a arte mais inclusiva Alice Pereira acredita que é preciso mais iniciativas do poder público. Para ela o Estado tem um papel importante na redução das diferenças e desigualdades. " A gente tem muitas iniciativas hoje, em vários sentidos, políticas de cotas, né, mas para pessoas trans não existe nada. Hoje, por exemplo, não existe uma política de cotas para pessoas trans. Alguns lugares até adotam, mas de uma forma... Não é uma coisa obrigatória, né? São iniciativas pontuais, né, de fazer alguma coisa com uma cota trans. Eu acredito que a gente precisaria de políticas afirmativas mais obrigatórias mesmo, de colocar percentual de conteúdo, tanto editorial, quanto cinema, TV, né? Não só de conteúdo, mas de empregar pessoas." Reportagem, entrevista e narração Mariana Tokarnia Adaptação, edição, roteiro e montagem Akemi Nitahara Revisão, coordenação de processos e implementação web Beatriz Arcoverde Gravação Virgílio dos Santos Versão em Libras Equipe de tradução da EBC Vinheta Vívian Fróes

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  • 1 Quadrinista Alice Pereira retrata vivências diversas sob o olhar trans 8 meses atrás